sábado, 26 de janeiro de 2013

Religião e política: fé que outorga poder à ‘escolhidos(!?)’



MARCOS DANTAS - A exemplo de todas as opiniões emitidas ou omitidas, esta aqui também não fecha questão, pois toda discussão que envolve religião, política e futebol nunca é fechada com um definitivo ‘ponto final’. Como a cada dia vemos o surgimento de políticos-religiosos, ou religiosos-políticos, bem como a crescente defesa por muitos, de um Estado laico, então resolvi, quem sabe, apimentar um pouco esta discussão, ou mesmo misturar-me a aqueles que comungam com o mesmo pensamento.

É fato a ‘conversão’ quase que instantânea, quando se aproxima as eleições, de políticos em religiosos, e religiosos procurando abrigo em alguma sigla partidária; gestação para uma candidatura que represente o ‘povo cristão’. Assim, Fé que outorga poder à ‘escolhidos(!?)’ pode ser um título de sentido dúbio, no entanto expressa mais uma opinião desde um ponto de vista pessoal de alguém que, possui orientação Cristã, baseada unicamente pelas escrituras bíblicas, não em qualquer que seja a teologia denominacionalista, das vertentes existentes na área ‘igrejista’; contudo, sem aqui criticar ou elogiar o sistema ‘cristianista’, respeitando a liberdade de culto, o qual cada um tem o direito constitucional de exerce-lo, inclusive os ateus de não crerem em uma divindade.

Isto posto, eu também questionaria veementemente o Deus, seja ele evocado por qualquer das correntes religiosas, se para prevalecer uma ‘obra’ sua entre os mortais, se seria necessário o apoio político, e até ‘bancadas’ nos parlamentos? Por esta ótica se vê um ‘todo poderoso’ tão fraco quanto à esperteza daqueles que, sob uma bandeira religiosa denominacional se locupletam das benesses do poder político vendendo sorrateiramente os votos dos incautos fãs que pensam estarem fazendo a vontade de Deus, enquanto seus líderes se tornam influentes amigos do ‘poder terreno’. A pergunta que não quer se calar: que deus imortal é este que mendigaria a força de reles mortais para fazer valer suas pretensões?

Contudo, falando da Bíblia, quem pelo menos é estudioso dos livros que compõem o Velho e Novo Testamentos compreende que os profetas-mensageiros de ‘Jeová’, e o próprio Jeová feito homem, ‘Jesus’ de Nazaré além de não comungarem com as religiões da época, em sua maioria, confrontavam o poder dominante que, geralmente estava ‘casado’ com alguma das principais denominações religiosas.

É conhecido pela história que a primeira denominação chamada cristã, firmou suas bases sob a imposição político-religiosa por meio de mandatários que viram na fé dos plebeus uma arma poderosa para a dominação. Aproximadamente 1.200 anos depois de estabelecido este ‘novo poder religioso’ surgiu a reforma protestante, isto no ano 1.516, confrontando com a poderosa e controvertida doutrina da indulgência, onde dominadores ou abastados financeiros poderiam pagar pelo perdão dos seus pecados, em sua maioria, crimes hediondos.

Aqui entre nós, 500 anos depois, que diferença há entre o primeiro poder político-religioso estabelecido no início da era cristã, e as milhares de outras denominações religiosas oriundas do protestantismo, convertidas no mundo evangélico, quando a maioria dos seus líderes está envolvida de alguma forma com a política, a qual os ‘escolhidos’ representantes estão aptos para a defesa dos interesses do ‘seu povo’ opressado pelo denominacionalismo e politiquismo desenfreado.

Evidentemente que, esta relação incestuosa entre o igrejismo e a política se não torna fraco o Deus todo Poderoso que ‘tudo pode’, deixa uma grande margem para a interpretação de que sem a política é impossível a subsistência da obra divina na terra, ou neste País. Se este pensamento estiver errado que se reescreva então: - Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos. (Isaías 55:8-9).