MARCOS DANTAS - A exemplo de todas as opiniões emitidas ou
omitidas, esta aqui também não fecha questão, pois toda discussão que envolve
religião, política e futebol nunca é fechada com um definitivo ‘ponto final’.
Como a cada dia vemos o surgimento de políticos-religiosos, ou
religiosos-políticos, bem como a crescente defesa por muitos, de um Estado
laico, então resolvi, quem sabe, apimentar um pouco esta discussão, ou mesmo
misturar-me a aqueles que comungam com o mesmo pensamento.
É fato a ‘conversão’ quase que instantânea, quando se
aproxima as eleições, de políticos em religiosos, e religiosos procurando
abrigo em alguma sigla partidária; gestação para uma candidatura que represente
o ‘povo cristão’. Assim, Fé que outorga poder à ‘escolhidos(!?)’ pode ser um
título de sentido dúbio, no entanto expressa mais uma opinião desde um ponto de
vista pessoal de alguém que, possui orientação Cristã, baseada unicamente pelas
escrituras bíblicas, não em qualquer que seja a teologia denominacionalista,
das vertentes existentes na área ‘igrejista’; contudo, sem aqui criticar ou
elogiar o sistema ‘cristianista’, respeitando a liberdade de culto, o qual cada
um tem o direito constitucional de exerce-lo, inclusive os ateus de não crerem
em uma divindade.
Isto posto, eu também questionaria veementemente o Deus,
seja ele evocado por qualquer das correntes religiosas, se para prevalecer uma
‘obra’ sua entre os mortais, se seria necessário o apoio político, e até ‘bancadas’
nos parlamentos? Por esta ótica se vê um ‘todo poderoso’ tão fraco quanto à
esperteza daqueles que, sob uma bandeira religiosa denominacional se locupletam
das benesses do poder político vendendo sorrateiramente os votos dos incautos
fãs que pensam estarem fazendo a vontade de Deus, enquanto seus líderes se
tornam influentes amigos do ‘poder terreno’. A pergunta que não quer se calar: que
deus imortal é este que mendigaria a força de reles mortais para fazer valer
suas pretensões?
Contudo, falando da Bíblia, quem pelo menos é estudioso dos
livros que compõem o Velho e Novo Testamentos compreende que os
profetas-mensageiros de ‘Jeová’, e o próprio Jeová feito homem, ‘Jesus’ de
Nazaré além de não comungarem com as religiões da época, em sua maioria,
confrontavam o poder dominante que, geralmente estava ‘casado’ com alguma das
principais denominações religiosas.
É conhecido pela história que a primeira denominação chamada
cristã, firmou suas bases sob a imposição político-religiosa por meio de mandatários
que viram na fé dos plebeus uma arma poderosa para a dominação. Aproximadamente
1.200 anos depois de estabelecido este ‘novo poder religioso’ surgiu a reforma
protestante, isto no ano 1.516, confrontando com a poderosa e controvertida doutrina
da indulgência, onde dominadores ou abastados financeiros poderiam pagar pelo
perdão dos seus pecados, em sua maioria, crimes hediondos.
Aqui entre nós, 500 anos depois, que diferença há entre o primeiro
poder político-religioso estabelecido no início da era cristã, e as milhares de
outras denominações religiosas oriundas do protestantismo, convertidas no mundo
evangélico, quando a maioria dos seus líderes está envolvida de alguma forma
com a política, a qual os ‘escolhidos’ representantes estão aptos para a defesa
dos interesses do ‘seu povo’ opressado pelo denominacionalismo e politiquismo
desenfreado.