segunda-feira, 11 de fevereiro de 2013

Ajuntando o fútil ao desagradável



MARCOS DANTAS - Qualquer semelhança desse texto com o reveillon próximo passado, e com esses dias carnavalescos é mera coincidência...
Era eu de idade tenra quando ouvia os ‘mais velhos’ comentarem – não se tem mais reveillon e carnaval como antigamente – então eu comentava com meus botões – como são cafonas esses velhos. Os dias foram passando, digo os anos... e, quando me vi, cá estava; não tão velho quanto os cafonas da minha juventude, porém julgando a degradação musical das festas ‘reveillinas/carnavalinas/juninas’...

‘Naquele tempo’ as músicas eram de acordo as épocas. Mas de alguns anos pra cá o que se vê é tudo junto e misturado. Muito semelhante ao comportamento, em especial da juventude que, igual à ótica ‘daqueles mais velhos’ que falavam da degeneração juvenil de seu tempo. Se se comparasse a marchinha “Jardineira” anos 50, com “Nega do cabelo duro” anos 80, era patente o declínio no gosto musical. Aliás, gosto é igual a bumbum, cada um tem o seu... e sabe quando e como usa-lo de acordo a necessidade fisiológica requerida.

E por falar em bumbum, (nunca na história deste país) o mesmo fora tão rebolado e cantado. Nem mesmo as chacretes (do Chacrinha) e as boletes (Clube do Bolinha), conseguiram pejorar tanto as nádegas como nessas duas últimas décadas marcadas pela aparição das ‘bundas cantantes’ e rebolantes na boquinha da garrafa e noutras invenções (Tiazinha) tão fúteis quanto as próprias melodias e letras desagradáveis a exemplo do rebolation, aos tímpanos e mentes pensantes. O que dizer em tempos de “Ah se eu te pego”, “Eu quero tcha...”, etc.

É admirável que a exploração audiovisual envolvendo o bumbum feminino é supervalorizada pela maioria das mulheres que, em tempo, são mais que desvalorizada pelo estilo funk que as trata ou compara-as sordidamente a cadelas. Como se não bastasse, dias desses ouvia por acaso uma entrevista com um grupo de moças que classificavam o estilo musical que se apresentavam nos shows como ‘estilo pegadora’, sendo questionada insistentemente por um crítico sobre o estilo de músicas que cantavam e estas respondiam atônitas “tipo assim, estilo pegadora mesmo...”. Ficou o dito pelo não dito.

Eu não sou fã de determinada dupla ‘sertaneja’ que saiu de ‘linha’ e recentemente voltou ao palco, mas atentei para a observação que fizeram durante uma entrevista. “Nossas músicas, diferente de tantas que denigrem a imagem da mulher, falam do quanto elas são importantes para a vida de todos os homens...”. Essas palavras ressoaram forte quando vi algumas jovens dançando um funk além das inúmeras palavras ininteligíveis sobre as mulheres, estas eram bem audíveis “essa bunda é minha, esse peido é meu”. 

Enfim, toda inutilidade artístico-cultural(?) aos olhos de alguns, e que embalam toda festinha(?!) nada mais é que o ajuntamento do fútil ao desagradável. Será que podemos atribuir esta decrescente cultura das massas à influência televisiva pelas telenovelas e programas de auditórios recheados de futilidades, laboratórios para o surgimento de bobagens como big brothers? Porém, até para isto tem platéia.

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