MARCOS DANTAS - Qualquer semelhança desse texto com o reveillon próximo
passado, e com esses dias carnavalescos é mera coincidência...
Era eu de idade tenra quando ouvia os ‘mais velhos’
comentarem – não se tem mais reveillon e carnaval como antigamente – então eu
comentava com meus botões – como são cafonas esses velhos. Os dias foram
passando, digo os anos... e, quando me vi, cá estava; não tão velho quanto os
cafonas da minha juventude, porém julgando a degradação musical das festas
‘reveillinas/carnavalinas/juninas’...
‘Naquele tempo’ as músicas eram de acordo as épocas. Mas de
alguns anos pra cá o que se vê é tudo junto e misturado. Muito semelhante ao
comportamento, em especial da juventude que, igual à ótica ‘daqueles mais
velhos’ que falavam da degeneração juvenil de seu tempo. Se se comparasse a
marchinha “Jardineira” anos 50, com “Nega do cabelo duro” anos 80, era patente
o declínio no gosto musical. Aliás, gosto é igual a bumbum, cada um tem o
seu... e sabe quando e como usa-lo de acordo a necessidade fisiológica
requerida.
E por falar em bumbum, (nunca na história deste país) o
mesmo fora tão rebolado e cantado. Nem mesmo as chacretes (do Chacrinha) e as
boletes (Clube do Bolinha), conseguiram pejorar tanto as nádegas como nessas duas
últimas décadas marcadas pela aparição das ‘bundas cantantes’ e rebolantes na
boquinha da garrafa e noutras invenções (Tiazinha) tão fúteis quanto as
próprias melodias e letras desagradáveis a exemplo do rebolation, aos tímpanos
e mentes pensantes. O que dizer em tempos de “Ah se eu te pego”, “Eu quero
tcha...”, etc.
É admirável que a exploração audiovisual envolvendo o bumbum
feminino é supervalorizada pela maioria das mulheres que, em tempo, são mais
que desvalorizada pelo estilo funk que as trata ou compara-as sordidamente a
cadelas. Como se não bastasse, dias desses ouvia por acaso uma entrevista com
um grupo de moças que classificavam o estilo musical que se apresentavam nos
shows como ‘estilo pegadora’, sendo questionada insistentemente por um crítico
sobre o estilo de músicas que cantavam e estas respondiam atônitas “tipo assim,
estilo pegadora mesmo...”. Ficou o dito pelo não dito.
Eu não sou fã de determinada dupla ‘sertaneja’ que saiu de
‘linha’ e recentemente voltou ao palco, mas atentei para a observação que
fizeram durante uma entrevista. “Nossas músicas, diferente de tantas que
denigrem a imagem da mulher, falam do quanto elas são importantes para a vida
de todos os homens...”. Essas palavras ressoaram forte quando vi algumas jovens
dançando um funk além das inúmeras palavras ininteligíveis sobre as mulheres,
estas eram bem audíveis “essa bunda é minha, esse peido é meu”.
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