quinta-feira, 18 de abril de 2013

A quem pertence, e quanto custa a notícia?


RESPEITEM A PEQUENA IMPRENSA, POIS A “GRANDE” NEM SABE DA SUA EXISTÊNCIA

MARCOS DANTAS - Entre uma frase e outra eis que surge uma notícia. Estou falando da informação escrita publicada em papel (jornal tradicional) ou em páginas virtuais (internet), fabulosa, mas ainda inacessível à maioria. Temida por muitos, a internet é ferramenta indispensável e porta de liberdade para todos... Mas, e a notícia, o controle desta, a quem pertence? Resposta: pertence a quem se interessa por ela. Pertence aqueles que se sentem mais do que meras criaturas de engrossamento do índice populacional da comunidade em que mora. Sem dúvida que um bom número de pessoas amadureceu no decorrer dos anos e exige notícia de qualidade, no entanto, a maioria prefere continuar “novelado” pois se manter informado é exigir demais para quem é satisfeito com programas de auditórios e BBBs.

Quem é da área, sabe que ‘fazer’ imprensa no interior é difícil. Primeiro que, antes do veículo de comunicação servir de canal para levar a informação ao público, ele precisa se manter e sustentar economicamente quem o representa, ou seja, quem o faz existir. Daí, percebe-se que a notícia tem um custo como qualquer produto nas prateleiras seja em uma pequena mercearia ou em exposição em um grande shopping. Igualmente a quem produz os bens de consumo e recebe por esse trabalho de produção, quem também produz a comunicação tem o direito sagrado de ganhar pelo que gera. Cabe ao consumidor de informação regular o ‘mercado’ noticioso pelo que quer consumir, notícia de boa qualidade, pagando por isso, ou deixar que a ‘notícia de terceira’ lhe chegue com porte pago por “interessados”.

Para pagar a quem leva notícia, sobram as prefeituras, porém, a maior parte dos gestores não respeita o princípio de liberdade de expressão e, ao acordar com um veículo de comunicação para que veicule algum informativo da referida administração, fica subentendido que, a partir daquele instante o tal veículo torna-se impedido de explorar qualquer assunto que não seja “determinado” de forma oficial. Até alguns auxiliares da administração se acham no direito de “policiar” e interferir na linha editorial. A solução para que as comunidades possam ter em seu seio uma imprensa livre é pagar pela informação. Uma fonte importante para possibilitar a existência de um veículo alternativo de comunicação é o comércio ao respaldá-lo com as publicidades de acordo o projeto de marketing da empresa. Por outro lado, não permite que o meio de comunicação fique a mercê do faturamento oficial que o impossibilita de questionar mesmo construtivamente quem o está pagando.

Fora isso, os consumidores de mídia alternativa poderiam pagar um preço simbólico (R$ 1,00) pelo exemplar de jornal alternativo. Isto garantiria a sobrevivência do veículo e mostraria aos mandatários antidemocráticos que eles estão prefeitos e que não são perfeitos a ponto de administrarem impecavelmente sem a ajuda crítica de um jornal, por exemplo. E por falar nisso, o administrador precisa ter em mente que o dinheiro que paga a determinado veículo de comunicação, é público, portando, deve divulgar os atos da administração, mas também deve ser a voz do povo para reclamar aquilo que não vai bem. Em todos os lugares, prefeitos e auxiliares acreditam que ao terem contrato com o meio de comunicação, automaticamente, passa a ser “propriedade” destes e que podem determinar o que deve ou não ser publicado, sob pena de corte do pagamento. Fazem a chantagem pois sabem que o povo não pagará pela informação e que o veículo de comunicação precisa de referida verba para se manter; uma triste realidade.

Nestas circunstâncias só resta a pergunta: fazer o quê, se o direito democrático à informação continua intimamente ligado ao poder político/econômico? Manter uma imprensa livre sem algum grupo ou pessoa pagar, é quase impossível. Manter uma imprensa atrelada, viciada ao molde feudal chega ser repugnante. O que pode ser a luz no fim do túnel para a imprensa interiorana é o cultivo de uma pauta que explore as políticas públicas, despertando assim o interesse da comunidade que pode começar a valorizar a produção de informação, pagando por esta. Para os que detêm o cargo de mandatários maiores nos municípios seria bom que refletissem sobre o direito democrático de bem informar e de ser informado, e que, vossas senhorias querendo ou não, de “biquinho” ou não, mesmo com as dificuldades a mídia alternativa existirá e continuará formando opinião. Por isso, RESPEITEM a pequena imprensa nas suas cidades, pois a “grande” nem sabe das suas existências.

Nenhum comentário:

Postar um comentário