sábado, 15 de junho de 2013

Brasil, a democracia do silêncio



MARCOS DANTAS - Inacreditável... mas o povo que vota (ainda que mal) em seus des-governantes, ‘leva pau’ a mando dos próprios. A ordem é: não gostou? Fica calado! Mas as pancadas que o povo leva são justificadas sob o pretexto de se manter a ordem, então; tropa de choque nele!... infelizmente, alguns com interesses desconhecidos se infiltram nas manifestações e praticam o desrespeito, a depredação do patrimônio público (do povo, não dos políticos) ou privado. E assim, o direito constitucional à manifestação é só para ‘inglês ler’.

Em verdade, a maioria dos que é eleita com o voto do povo não gosta das manifestações quando estão no poder. Toleram opositores e as críticas porque não conseguem tapar totalmente a boca dos oprimidos de uma forma ou de outra. Ideal seria se ‘suas majestades’ pudessem se isolar em seus ricos gabinetes com tampões nos ouvidos para não escutarem as vozes das ruas, seria o paraíso...

O mais engraçado para não dizer, trágico, é que a verba que patrocina a ‘blindagem’ de suas excelências, sai dos bolsos empobrecidos da população mega-explorada pela pesadíssima carga tributária sobre ‘cada caixa de fósforo’ que é comprada. Botar a polícia, a tropa de choque, as forças armadas, todo meio de repressão (segundo oferta do ministro da justiça) em cima do povo desarmado é mais fácil que reduzir impostos, cortar o déficit público, o gasto exorbitante para manter as máquinas administrativas (municipais, estaduais e federal) funcionando para atender as demandas partidárias, e a sede de poder de grupos interessados em se perpetuarem no poder, via de regra nos quatro cantos do planeta.

A insatisfação generalizada do povo brasileiro com a classe política dominante é patente em todos os quadrantes desde país. O povo sabe do altíssimo custo que é para sustentar no alto da pirâmide (com salários altíssimos) os ‘soberanos’ do executivo, legislativo e do judiciário; sem o retorno satisfatório para quem necessita de saúde, educação, transporte, segurança, justiça, e outros serviços públicos essenciais com qualidade compatível aos salários que suas excelências recebem, além das benesses (mordomias) constitucionais que os cargos requerem; em detrimento do mísero salário mínimo que a maioria recebe e ‘se vira nos trinta’ para sobreviver e ter que ficar quieto, aplaudindo os ‘intocáveis’ que não querem o povo na rua exigindo seus direitos.

O tragicômico ainda é ter que ouvir as ‘competentes autoridades’ dizerem que três, quatro, cinco mil pessoas nas ruas protestando não representa a população brasileira. Classificam esse número de mínimo, pois igual a votos para o elegerem, eles necessitam de centenas de milhares, milhões para acreditarem no repúdio do povo que cresce a cada manifestação, o que já fez até a ‘grande’ imprensa, parte dela subserviente, reconhecer o imensurável grito das ruas. Seria por que alguns dos seus profissionais sofreram na pele o peso da repressão que dantes já chicoteava o povo? E os senhores (que não governam para a maioria), representam verdadeiramente todos os brasileiros?

Precisamos de imprensa que dê a seguinte manchete: “Brasil, uma democracia do silêncio”, editoriais, artigos, matérias escritas, com o mesmo espaço, análise, pormenores a que dedicaram às ‘primavera árabe’, primavera isto ou aquilo... Será que não estamos no limiar de uma ‘primavera tropical’? Não seria a hora de perguntar, analisar, comentar sobre o medo que os mandatários brasileiros têm do povo nas ruas? Por que será que reprimem com violência, e chamam de vândalos e baderneiros àqueles que o elegeram? É chegada a hora da imprensa se redimir e abrir espaço e defender o povo, com a mesma ênfase que deram a uma dissidente da repressão Cubana, de passagem pelo Brasil.

Nenhum comentário:

Postar um comentário