domingo, 9 de junho de 2013

O dia em que fiquei velho no ‘webtecnoSéculo’ XXI



MARCOS DANTAS - Envelhecer ainda é a única maneira que se descobriu de viver muito tempo - diz Charles Saint-Beuve.
O dia em que se fica velho, você nunca esquece... é como a primeira vez. Por exemplo, nunca esqueço da minha primeira vez no telefone público, quando usava ficha (Local/DDD) foi simplesmente demais! A primeira viagem de ônibus então, uma aventura! O toca-disco portátil, que maravilha. E o primeiro beijo? Reservo-me no direito de não revelar... Mas a minha primeira vez dirigindo o Aero Willes, do meu saudoso irmão José, foi uma coisa do outro mundo. Mas incrível mesmo foi a primeira bicicleta e a primeira vez que vi o mar...

Nos últimos dias do outono, próximo ao inverno, quando as temperaturas são mais amenas, dois senhores (on-line e off-line) bem agasalhados e usando cachecol conversavam sobre o passado, e um deles observou para o outro: - acho que estais ficando velho, não falas de outra coisa a não ser do passado... ao que o outro retrucou: - não pense que sou tão velho pois até já acessei a internet quando era conexão discada (aquela do barulhinho) e ainda tenho uma conta no orkut...

Um conhecido lá do interior contou que o dia que ele percebeu que estava ficando velho foi quando na capital perguntou à uma moça onde ficava determinada rua e esta reverente e respeitosamente informou: - o ‘senhor’ segue por esta avenida e depois daquele prédio verde, vire a direita. Então me lembrei de quando no portão de uma casa de repouso onde fui fazer uma matéria sobre a terceira (melhor) idade, duas jovens a quem pedi licença para entrar disseram: - pode passar ‘tio’...

A confirmação da minha suspeita se deu por ocasião do reencontro com um amigo que há muito não via e ele, que dantes já ostentava barba e cabelos grisalhos, logo ao me ver observou: - cadê sua barba e cabelos pretos? Comentei pensativo: o tempo passa né, amigo? Porém, o retrato da marca do tempo estava escancarado quando revi amigos dos belos tempos da adolescência; como estavam velhos! Rugas, cabelos brancos, barriga dilatada; e as ‘meninas’ então (flacidez, celulite, estria), coitadas... todas velhinhas, não pude conter o riso (para dentro) por instantes.

Em compensação, todos tinham ‘encontrado seus caminhos’ de acordo suas escolhas sendo que a opção mais marcada foi a de constituírem família, garantindo assim este ciclo da vida do qual muitos não conseguem comemorar 50 anos de idade. Sabe o que é isto? Metade de 100 ANOS... gente do Século XX vivendo neste ‘webtecnoSéculo’ XXI com seus banner, iPod, iPhone, blogs, software, cookies, download, attachment, fotolog, upload/update, wireless, banda larga, facebook, 3G e 4G, chat, e-mail, notebook, tablets, etc... esta é também a era dos velhos ‘amigos digitais’ os quais podemos chama-los de on-line (vividos) e off-line (morridos).

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