terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Os dias de ‘carnádegas’

MARCOS DANTAS - A ‘festa da carne’ é remota tão quanto os costumes humanos pela socialização com os seus semelhantes e pode se afirmar que, segundo alguns estudiosos, o carnaval já era praticado no Egito antigo, e nas antigas Grécia e Roma. Entre os deuses a que se rendiam honras, louvores e adoração no período da festa encontrava–se os deuses da fartura e da fertilidade, portanto, as festas eram regadas a muita comida, bebida e sexo. Uma versão antiga do “drogas, sexo e rock'n roll”.

Na idade média a sociedade vivia sob o jugo da maioria de mandatários que mantinham laços estreitos com a ‘igreja mãe’, o que propiciou uma intervenção do clero que ‘regulamentou’ a festança que a partir de então passou a ocorrer em tempo limitado, terminando a meia noite(?) de terça para ‘quarta-feira de cinzas’ onde os fiéis então iriam à igreja (até hoje) pedir perdão pelos pecados cometidos durante o carnaval.

Em algumas pinturas que retratam a ‘festa da carne’ na antiguidade as figuras humanas já apareciam com menos roupas do que de costume... o que, de acordo a arte, não chegava a tanto como nos dias atuais quando, especialmente as mulheres (maioria) dançam, desfilam, se mostram, fazem exposição de suas figuras sob a ordem do quanto maior nudez melhor...

Talvez por se tratar de carnaval no Brasil (trazido pelos portugueses) o ‘culto’ à nádega feminina parece se sobrepor a qualquer outra nação. E a festa da carne tem como símbolo maior a bunda que, diga-se de passagem, nos blocos, escolas de samba, ‘atrás do trio elétrico’, nas arquibancadas, nos camarotes, ruas, vielas, avenidas, bares, novelas e praias superabundam nesses dias de ‘carnádegas’ que, nos anos 80 começaram a colocar o ‘glúteo de fora’.

Nestas duas ou três últimas décadas começaram associar as nádegas “sem rosto” nos comerciais de automóveis, apartamentos de luxo, motéis e, pasmem, até nas bebidas alcoólicas a exemplo das marcas de cervejas, sugerindo que as bundas, digo, as musas bebem a ‘gelada’ sem prejuízo na barriga e resto do corpo que exibem como ‘amostra grátis’ com a intenção de aguçar o desejo de consumo. As lingerie também servem de base para a demonstração de ‘bundas sem cara’.

Nas TVs, os programas de auditórios, uma espécie de ‘aquecimento’ para o carnaval e que dura o ano inteiro, ficou impossível de se fazer sem que lá estivesse ou esteja as ‘bundas cantantes ou rebolantes’ que a cada dia ficam ainda mais a mostra pela frenética disputa por audiência entre as emissoras. Relaxando-se tanto os valores que o trocadilho é - quem vê nádegas não vê cara - e muito menos coração. As músicas onde sobressaem a percussão, a exemplo do axé baiano e do funk paulista e carioca, calharam com as nádegas que são aclamadas de cachorras e que descem até à ‘boquinha das garrafas’.

E assim foi se instituindo o ‘carnabunda’, ou para os mais clássicos, o ‘carnádegas’ onde a ordem é mostrar o máximo em ângulos possíveis desde o glúteo até outras partes já não tão mais íntimas quanto eram em outros tempos. E a mulher despida, com as suas vergonhas(?) expostas, sem sombra de dúvida é a cara do ‘carnabrasil’, apelido do carnaval-in brazil no exterior, como sendo o país do futebol e das ‘prostitutas travestidas’ de carnavalescas em meio a multidão crescente do terceiro sexo...
Olha, as nádegas na avenida, geeente!

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